A palestra realizada pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Quinta do Boa Vista sobre a Lei Maria da Penha levantou relatos emocionantes das participantes. Todas mulheres da melhor idade que contaram suas trajetórias e compartilharam seus casamentos e como a sociedade da época reagia perante os casos de violência. A ação faz parte da programação do mês de agosto que celebra os 13 em que a lei entrou em vigor.

Vera Lúcia Menezes Sena, de 71 anos, casou-se bem jovem. Aos 17 anos engravidou. Seu filho nasceu aos 7 meses em decorrência dos pontapés que seu marido desferia contra ela. Dormia em um colchão no chão, enquanto o marido se deitava na cama de casal com a amante. Ao sair de casa ele pregava tábuas na janela para que ela não pudesse sair. Foi uma vizinha que a libertou e Vera Lúcia pode se esconder na casa da mãe. Ela conta que teve de fugir do marido agressor por muitos anos, mas não se arrepende. O filho se tornou médico e ela nunca mais se casou.

Relatos como esse foram compartilhados durante a palestra ministrada pela assistente social Christiane Pinheiro dos Santos que fez uma abordagem sobre a Lei Maria da Penha que protege mulheres vítimas de violência. Ela enfatizou que é preciso que as pessoas desenvolvam empatia, ou seja, se coloque no lugar do outro, para então conseguir ajudar em vez de julgar. Isso porque a problemática da violência doméstica percorre um caminho longo de preconceito da sociedade e da família.

Vários outros depoimentos se referiam, justamente, ao comportamento dos pais delas que muitas vezes obrigavam as filhas a conviver com os maridos agressores, mesmo sabendo do cenário de violência. “É por isso que precisamos quebrar esse ciclo e ensinar aos nossos filhos que isso não pode acontecer para evitar que eles reproduzam a violência”, disse Christiane.